sábado, 15 de janeiro de 2011

muita pedalada

Demonstrei aos dinamarqueses que mesmo numa bicicleta de senhora, pequena, roxa e ferrugenta, um português consegue manter, placidamente, a virilidade e o estilo. Ficam surpresos pelo lampejo vermelho que os ultrapassa a pedalar furiosamente, exclamam "por Odin" na língua deles, e martelam as campainhas de alegria.

Não foi fácil manobrar com ela, de início, mas consegui domá-la. Não estava habituado ao mecanismo de travagem da roda traseira ser feito por retropedalada, nem aos pneus de estrada quase vazios (nem à corrente encravada, nem ao desviador de velocidades desobediente).

Por cá são raríssimos os pneus com relevo cardado, como os das nossas bicicletas de montanha. Os pneus de estrada são equipamento padrão, estreitos e de diâmetro grande, sendo alguns reforçados com borracha (o autêntico run flat tire). As suspensões também não existem pois "temos óptimas ciclovias"... uma ova, os meus braços e cintura escapular têm saudades da minha Bicicleta Cândida, com a sua meiga suspensão à frente.

O objectivo é mesmo poupar no peso e no preço.

Parece que é frequente que cada dinamarquês tenha uma city bike para o quotidiano, e uma para lazer, de montanha ou de estrada.

Não obstante o meu amor ao cor-de-rosa e às pasteleiras ferrugentas, adquiri uma mountain bike a um estudante erasmus de engenharia mecânica, que está de partida. Parece que fiz um óptimo negócio. É de alumínio, negra, com faróis de presença automáticos (é só começar a pedalar, o tal sistema electromagnético).

Bem, o vizinho de cima está a distribuir pelo condomínio uns decíbeis de hip hop americano. Acho que lhe vou gritar o fado aos ouvidos.

ps- as scooters podem andar nas ciclovias também.
pps- existem semáforos com compressores para encher os pneus das bicicletas.
ppps- as binas.

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